The Project Gutenberg EBook of A mulher; Os Portuguezes em Tanger, by J. J. Rodrigues de Matos This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.net Title: A mulher; Os Portuguezes em Tanger Author: J. J. Rodrigues de Matos Release Date: January 10, 2010 [EBook #30919] Language: Portuguese Character set encoding: ISO-8859-1 *** START OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK A MULHER; OS PORTUGUEZES EM TANGER *** Produced by Pedro Saborano (produced from scanned images of public domain material from Google Book Search) A MULHER OS PORTUGUEZES EM TANGER POR J. J. Rodrigues de Mattos COIMBRA IMPRENSA LITERARIA 1860 A MEU PAE EM TESTIMUNHO DE AMOR FILIAL O SEU FILHO MUITO OBEDIENTE João José Rodrigues de Mattos A MULHER Otez l'amitié de la vie, Ce qui reste de biens, est peu digne d'envie. DESMAHIS Prologo Auctorisado por aquelle que me deu o ser, e de que posso lisongear-me, venho receioso offerecer-lhe este insignificante trabalho. Pouco versado nas lides da litteratura, não posso dedicar-lhe uma obra digna do seu bom nome, mas o desejo que tenho de testemunhar a minha gratidão pelos obsequios de que lhe sou devedor, anima-me a proseguir na empresa encetada. Tenho razões para acreditar que a sua bondade não póde ser satisfeita por uma offerta de tão pouca importancia, mas, tal qual é, acceite-a como a primeira producção d'uma arvore nova, cujas vergonteas ainda fracas pelos poucos annos, que tem de vegetação, apezar do extremoso cuidado que o agricola tem empregado na sua cultura, não podem dar ao fructo senão a belleza compativel com as suas forças. Regozijo-me com a escolha da pessoa a quem offereco a minha producção; porque tenho a certeza de que o seu bom senso e indulgencia, hão-de desculpar as faltas que ella necessariamente ha-de conter. O AUCTOR. A MULHER I La femme est l'etre le plus parfait entre les créatures; elle est une création transitoire entre l'homme et l'ange BALZAC Ser extraordinario, tu só, rainha absoluta do coração do homem, sabes por elle ser adorada, nunca, porém, aborrecida! Quando as tuas faces estão ainda cobertas com o veu da innocencia, vês a teus pés um cortejo de escravos que só acham ventura em merecer-te um sorriso. O nobre orgulhoso, se julga feliz ao ouvir-te uma palavra, que lhe faça sorrir uma lisongeira esperança; o avarento, julgando-se pobre, vê em ti um thesouro, que o faria feliz; o pobre, que te ama, se rala de ciumes ao ver-te rodeada d'homens que não como elle te saberiam amar. Do nobre não fujas, se não receiares que o amor que no peito lhe ferve, se póde gelar com ambição de brazões. O avarento evita, porque ao possuir-te, esconderia 'num canto essas galas da natureza herdadas, profanando assim o que o Creador soube formar para admiração do homem. Do pobre não rias porque tem coração. Mulher, doce fructo do amor da divindade, se vires o homem abraçado ao feio scepticismo, eleva, com sorriso angelico, aos ceus os olhos, e farás renascer 'num coração frio o fogo das crenças. Se quizeres que umas faces sêccas se cubram de pranto, chora, e verás umas novas lagrimas unidas ás tuas. Se quizeres que o moribundo conheça todo o fogo da vida, senta-te á cabeceira d'esse leito da morte, e elle julgará, ao ver-te, um anjo de Deus que o vem consolar; e se o não revocares á vida, é maior o teu triumpho; não terá elle necessidade de orar, porque acreditará que tu, o seu anjo da guarda, o vens visitar, para o acompanhar contente á morada dos justos. Mulher, para que fostes criada? Nem tu o sabes! Quando pura sahiste das mãos do Eterno, foi-te confiada uma missão sublime. Nasceste para consolar o homem das fadigas da vida, para lhe lembrares que ha um Deus, para lhe apontares com um sorriso a estrada da felicidade, quando o espinho cruciante da mágoa lhe houver trespassado o coração. Nasceste, em fim, para dizeres, sorrindo, ao homem--queres ser feliz? Ama. Oh! mulher, se esse sorriso te cobre de bençãos, para que abusas algumas vezes d'elle? O sorriso que dá ventura, collou-t'o Deus nos labios; mas o do desdem, que leva ao fundo d'alma todo o fel da desgraça, só t'o podia ensinar um demonio! Quando com aquelle encaras o homem, podes vêl-o louco de amor, podes apontar para um ferro, que elle contente rasgará o peito, e ao aproximar-se da campa pronunciará religiosamente o teu nome! Quando, porém, com este ris sarcasticamente do seu amor, não lhe aborreces ainda; ama-te, mas com esse amor alimentado de ciumes e vivente de desenganos! O homem então crê não merecer-te, forceja por adquirir meios de ser amado, e quando 'nisto pensa, o seu amor é mais intenso; se é criminoso, julga ser o crime o que de ti o aparta, e é então que abraça a virtude; se ainda assim o não chamas com um sorriso, e o seu amor não acha raias a occupar, vêl-o-has morrer, definhado pela dôr e victima de uma paixão louca e não correspondida! Mulher sabes quando és grande? Quando apertando ao seio um filho, pareces querer suffocal-o com caricias, e lembrar-te só de teu filho e de Deus. És grande tambem, quando a morte rouba de teus braços esse mesmo filho, e com os olhos no ceu, e banhados de lagrimas, exprimes só--saudade. És grande, em fim, és sublime, não pareces mulher, és um anjo, quando ebria do amor cahes, como de fadiga nos braços de teu esposo, e pareces querer articular, sem forças, essa palavra, inventada pelos anjos--amor! Oh! Quanto é bom ser feliz! Como o viver é delicioso quando se encontra no mundo uma mulher a quem idolatramos, a quem adoramos e prestamos homenagens, como se fôra a propria Divindade!... No alvorecer da vida, o coração do homem tem necessidade d'amar, d'amar com todo o fogo, com toda a loucura d'uma alma verdadeiramente apaixonada!... E é tão bello amar! é tão delicioso contemplar a belleza e os encantos da mulher que adoramos, e por quem sentimos o coração pulsar docemente a todos os instantes! E que fôra o mundo se n'elle não existisse a mulher?... Supponde--diz um dos nossos mais profundos e distinctos escriptores--todos os contentamentos, todas as consolações que as imagens celestiaes e a crença divina podem gerar, e achareis que estas não supprem o triste vácuo da soledade do coração. Dai ás paixões todo o ardor que poderdes, aos prazeres mil vezes maior intensidade, aos sentidos a maxima energia, e convertei o mundo em paraiso, mas tirai d'elle a mulher, e o mundo será um ermo melancólico, os deleites apenas o preludio do tedio. Muitas vezes, na verdade, a mulher desce arrastada por nós ao charco immundo da extrema depravação moral; muitissimas mais, porém, ella nos salva de nós mesmos, e pelo affecto e enthusiasmo nos impelle a quanto ha bom e generoso. Quem ao menos uma vez, não creu na existencia dos anjos, revelada nos profundos vestigios d'essa existencia impressos 'num coração de mulher? Porque não seria ella na escalla da criação, um anel da cadeia dos entes, presa d'um lado á humanidade pela fraqueza e pela morte, e do outro aos espiritos puros pelo amor e pelo mysterio? Porque não seria a mulher o intermedio entre o ceu e a terra? ........................................................................ ........................................................................ E quem ha ahi, que não tenha amado, ao menos, uma só vez na vida; que não tenha sentido as doces e suaves emoções de uma verdadeira paixão; que se não tenha curvado submisso, como um escravo, ante essas mulheres, cuja belleza e attractivos magicos e fascinadores, sabem fazer nascer em nossos peitos um affecto ardente e sem limites?!... Oh! ninguem, de certo; porque no alvorecer da vida, 'nessa risonha quadra da existencia, em que vegetam e brotam todas as nossas esperanças, o homem tem precisão d'amar, sente a necessidade de unir a sua vida á d'uma companheira affectuosa e desvelada, que partilhe assim das suas tribulações e penas, como dos seus prazeres e gozos, e que derrame em sua alma o precioso balsamo de consolação. II Sans sa beauté, sans ses dons precieux la vertu même est moins belle à nos yeux. J. B. ROUSSEAU Salve mimosa e fragrante flôr que nos embalsamas a existencia, levando-nos ao amago do coração felicidades! Que seria a sociedade sem ti? Seria um viver monotono um viver sem delicias! A mulher é a rosa que sobresahe virente no centro dos folguedos. Seus languidos olhares dão-lhes alma e suas meiguices mimo: suas fallas dictadas pelo instincto forte do sentimento deleitam-nos na escandecencia das frágoas, e o sorriso modesto onde se póde soletrar a sua bondade angelica, arrebata-nos, attrahe-nos ao borbulhar das festas. Não fallo da mulher prosaica porque é um ente nullo, ama porque ouviu dizer que se amava; ama só com o intuito de ter um escravo dos seus caprichos e um alvo dos seus sarcasmos! A mulher prosaica é o escarneo da vida. D'essa não fallo eu. Fallo da mulher que sente e comprehende essa paixão e que é o termo dos vôos do nosso pensamento, e a paragem da mente embriagada do poeta, quando vaguêa escandecida por entre milhares de illusões;--que é o elo mais forte que vincula a sociedade. Fallo da virgem que na manhã da vida, na maior influencia d'um baile, tranzida, por uma saudade amarga, entristece e se lhe pendura na palpebra uma lagrima que de repente se some, abafando um ardente suspiro que lhe fugira do coração. Da mulher que no madrugar d'um dia formoso pára e scisma, contemplando a natureza, e junta aos hymnos que as aves elevam ao seu criador uma prece cheia de sentimento,--uma oração que os anjos lhe vem colher! Esta mulher é um beijo do Criador;--é a corda mais afinada da lyra dos anjos. Assim é! Pergunte-se ao filhinho que desabrochou no regaço de sua mãe; acalentado e acariciado pelos seus mimos, se póde haver no mundo amor que iguale os desvelos e cuidados de mãe! Pergunte-se ao esposo, que levado por uma affeição sincera e pura, escolheu uma mulher para companheira da sua vida, se não encontra um balsamo consolador para as suas dôres e procellas da vida, nas fallas e conselhos d'essa mulher! Pergunte-se ao mendigo, coberto de miseria e corrido pelo infortunio, se jamais pediu a uma mulher que lhe mitigasse a sua dôr sem que lhe ella recebera os ais no coração, e lhe minorasse as mágoas e privações que lhe vão gastando a existencia! A mulher poetica é uma viçosa grinalda, cujas flores foram colhidas por Deus e entrelaçadas pelos anjos! É o campanario que a fallar-nos de longe, nos inspira um sentimento religioso! É o raiar d'um dia formoso trazendo-nos no canto das aves, e nos raios do sol que vem trepando os montes, felicidade e poesia ao coração. Deus na sua poderosa e immensa criação, copiou 'neste ser a bondade que os anjos teem,--engrinaldou-o com as odoriferas flores do Paraiso, pousou-lhe sobre a fronte uma corôa de virtudes, e entornou-lhe no coração todo o amor de que encheu a natureza. Que poesia nos não inspira uma lagrima a marejar nos olhos d'uma donzella?! É o nectar do seu coração que se nos vem mostrar languido e puro, sulcando-lhe as faces purpurinas do seu rubicundo rosto. É uma gotta do lindo orvalho da manhã, pousado no calix d'uma rosa, que a buliçosa brisa, com seu suave balancear, pendurou em suas viçosas e escorregadias folhinhas. A mulher é o sanctuario do coração do poeta, o asylo dos vôos da sua imaginação, a inspiração das suas trovas, e a delicia da sua vida. Consulte-se cada homem que tem amado, e ver-se-ha o que diz. Quando a alma se lhe dilata a receber um supremo gozo, ou quando se lhe comprime por algum atroz soffrimento, a primeira idêa que lhe assalta a imaginação, é ter junto a si a mulher que ama, para que ambos partilhem igual sentimento. Escute-se a lyra d'um bardo, traduzindo-lhe os sentimentos affaveis do seu coração em melodiosos sons, arrancados por sua incerta mão.................. Mimosa c'rôa de encantos Te cinge a fronte, mulher! Prendem-nos a alma teus prantos Que meiga nos deixas vêr, És uma estrella radiante, Uma pérola brilhante, Um celestial descante Que nos mitiga o soffrer. Qu'importa no mundo a vida Quando é vivida sem ti? É qual florinha pendída Que o tufão matou assi! É como a triste saudade Que nos veda a f'licidade. No verdor da mocidade Quando a vida nos sorrí! Tu és uma harpa divina Que os anjos vem desferir, És quem meiga nos ensina A crer, amar, e sentir! Fallam d'amor teus olhares, Fallam de amor teus pezares, Teus innocentes folgares, Teu deslumbrante sorrir! Mimosa c'rôa d'encantos, Lindo sol do coração, Prendem-nos a alma teus prantos Que n'alma cahir-nos vão! Mulher tu és n'esta vida A nossa esperança qu'rida, A florinha enriquecida Pelo Auctor da criação! FIM OS PORTUGUEZES EM TANGER Prologo Que é um prologo? É quasi sempre um antecipado remedio aos achaques dos livros, porque andam sempre de companhia os erros e as desculpas. Eu esforçar-me-hei em desviar-me do caminho trilhado, porém se acharem que dizer não me perdôem. Escrevi este opusculo com verdade de memorias fieis, sem que a penna, ou o affecto, alterasse o menor accidente. Antes que este pequeno livrinho sahisse dos borrões, algumas pessoas o taxaram de escasso, dizendo, que eu devia de dilatar esta parte da nossa historia com allusões, e passos da Escriptura, que fizessem mais crescido volume; estes compram os livros pelo peso, e não pelo feitio; outras queriam que me valesse do estrepito de vozes novas, a que chamam cultura, deixando a estrada limpa por caminhos fragosos, e trocando com estimação pueril, o que é melhor, pelo que mais se usa. Mas como não determinei lisongear a gostos estragados, quiz antes com a singelleza da verdade servir ao applauso dos melhores, que á fama popular e errada. OS PORTUGUEZES EM TANGER. Oh! ditosos aquelles que poderam Entre as agudas lanças africanas Morrer, em quanto fortes sustiveram A santa Fé nas terras Mauritanas: De quem feitos illustres se souberam, De quem ficam memorias soberanas, De quem se ganha a vida por perdel-a Doce fazendo a morte as honras d'ella. CAMÕES--C. VI.--E. 83.ª Foi no dia 6 de março de 1503. Apenas rompia a madrugada quando appareceu sobre as colinas dos arredores de Tanger o poder mouro em força de 12:000 cavalleiros e muito maior numero de infantes. Era o proprio rei de Fez que commandava as suas tropas, e que julgava tomar de assalto aquella praça pelo segredo e velocidade com que cahia sobre ella. A Providencia, porém, ja havia denunciado este facto traiçoeiro aos portuguezes com assás antecipação, para que estivessem prevenidos contra o ataque brutal de feras ainda mais brutas. Os antigos davam o nome de destino ou fado a esta influencia occulta, absoluta, e irresistivel de Deus sobre a humanidade; os modernos povos chamam-lhe Providencia, expressão mais significativa, mais religiosa, e mais de Deus. E a providencia nunca deixa de favorecer as boas causas. Assim já na noute anterior a este dia de recordação e saudade, soube D. João de Menezes, governador de Arzilla, por espias que trazia no campo, os intentos e maquinações d'aquelle rei. Era-lhe portanto impracticavel avisar a D. Rodrigo de Monsanto, que então governava Tanger, porque estas duas praças distavam uns quarenta kylometros uma da outra, e além d'esta distancia accrescia a impossibilidade de fazer a viagem por terra, por estarem occupados os caminhos por troços do exercito inimigo, e por mar nem uma embarcação havia aprestada para esse fim. No entretanto reluziam nos arraiaes mouriscos as lanças e os escudos, e atroavam os ares os sons guerreiros das trombetas e outros instrumentos barbarescos. Parecia que os mouros preparavam nos seus arraiaes em canticos e folgares mais uma corôa de gloria para os portuguezes. * * * * * Em quanto isto se passava nos arredores de Tanger, sem que os portuguezes o advinhassem, esforçava-se D. João em Arzilla por achar um meio de communicação com aquella praça. Tal era o amor com que queria salvar seus irmãos d'armas. Saudosos tempos de gloria nacional foram estes, em que o povo portuguez era admirado no mundo civilisado pela audacia e grandeza de commettimentos! Mas esse povo era de si mesmo grande porque tinha fé em Deus, fé em si, e fé no futuro! Hoje porém, chorâmos esses tempos.... nada mais............ ........................................................................ ........................................................................ E como não estremecer de mágoa e de orgulho a um tempo ao recordar essas paginas d'ouro em que a nossa historia se espelha, reproduzindo-nos a toda a hora, a todo o momento os feitos maravilhosos dos conquistadores de Ceuta, Tanger, Anafa, Mazagão, Azamor, Alcacer-Seguer, Tetuão e Azafa? Como não pasmar á vista deslumbrante d'este panorama de nobres recordações e eterna saudade, que nos mostra as acções façanhosas de um punhado de homens, que levados do amor da patria e do brio nacional penetravam as lapas mais escuras, subiam os pincaros mais elevados, rompiam bosques, desciam fragas e alcantís medonhos, e atravessavam os sertões mais intransitaveis, e perigosos, sem recuarem diante da natureza, dos homens ou das feras. E será raro hoje encontrar homens como D. Fernando, D. João de Menezes, D. Vasco Coutinho, Nuno Fernandes de Athayde, Lopo Barriga, D. Duarte, denominado o Achilles africano, e o Conde D. Pedro? Não o sabemos. O que é certo é que todos estes combatiam sem descanço, e nunca as terras da Africa os viram voltar ao costas, a não ser já sem vida. E não será honroso descender de taes heroes? De certo. * * * * * Estava portanto D. João em grande apêrto quando lhe occorreu um meio verdadeiramente providencial. Havia ficado em Arzilla uma cadella de um morador de Tanger, e assim, lembrou-se D. João de lhe amarrar ao pescoço uma carta com a noticia do que se passava, e de a espancar de modo que fugisse em busca do dono. Assim aconteceu. Foi levado o bom do animal para a praia de Arzilla e alli açoutado, até que desappareceu para o lado de Tanger, para onde o instincto o guiava, a dôr o conduzia. No dia seguinte, ao romper d'alva, chegou o novo mensageiro ás portas de Tanger, lasso do caminhar constante e longo. Era de vêr como foi festejada e admirada a lembrança feliz de D. João, bem como o instincto fino da cadella. Começava já então a mover-se o exercito mourisco, que distava dez tiros de canhão. Foi immediatamente posta em armas toda a guarnição, e em todos ardia o fogo ambicioso da gloria. Mandou D. Rodrigo formar um esquadrão mais luzido do que numeroso, que sahiu ao campo a esperar os inimigos, que julgavam colhêr os portuguezes descuidados. Mas não succedeu assim. Dêmos mais uma lição a estes barbaros,--exclamou D. Rodrigo ao sahir as portas de Tanger--mostrêmos-lhes que sômos os mesmos portuguezes que os temos vencido sempre. As tropas portuguezas ouviram estas palavras com um excesso d'enthusiasmo, e sahiram a encontrar as hordas barbarescas. Chegaram finalmente os mouros. Mal se poderá avaliar o assombro que os acommetteu logo que encontraram, contra a sua expectativa, tropas portuguezas fóra dos muros, á sua espera. Travou-se o combate, asperissimo combate foi elle, em que os nossos sustentaram por espaço de duas horas e meia o peso enorme de tão grande exercito. Estavam todos os campos vizinhos juncados de tropas inimigas. E nós eramos um contra cem!! A pequena guarnição de uma praça contra o poder de um exercito commandado pelo proprio rei em pessoa!!! Foi então que mais uma vez obraram os portuguezes acções que hão-de em todos os tempos deixar muda a eloquencia. Os mouros combatiam como tigres selvagens que irrompem das suas jaulas de ferro, mas vinham enfiar-se nas espadas e nas lanças dos briosos defensores de Tanger. Lucta encarniçada foi esta. Esteve por momentos duvidosa a peleja, mas finalmente foi tal a multidão de Kabylas que acudiram de refresco que os nossos capitães julgaram mais acertado ir cedendo campo aos infieis. Era demasiadamente grande a desigualdade do numero. Foram-se portanto recolhendo os portuguezes em boa ordem e sempre com a frente para os mouros, mas houve alguma difficuldade nas portas de Tanger, porque estes fizeram esforço para entrarem de envolta com os nossos. Custou muito detêl-os, por cambaterem então mais furiosos, mas as adagas portuguesas souberam fazel-os recuar. * * * * * Teve então lugar um acto de valor; practicou-o Ruy Martins, soldado de reconhecido merito militar. Foi este o ultimo que entrou, deixando a porta meio aberta, pelo que instaram seus companheiros que a fechasse de todo, ao que respondeu elle com a arrogancia militar, digna de um bravo:--não convém essa medrosa prevenção ao brio portuguez; que eu só defenderei a toda a mourama o que resta por fechar. Mal soltou estas palavras, já estavam ellas reduzidas a factos. Os mouros intentaram forçar a entrada, mas repelliu-os elle por tal arte, que acharam mais prudente o retirarem-se. Eis aqui como ha mais de tres seculos eram temidas as quinas portuguezas nas terras d'Africa. Hoje porém representam outros povos no grande drama da civilisação. E lá está a Hespanha a braços com a Mauritana, como para continuar a obra gloriosa de D. João I e D. Affonso V. Eia, hespanhoes, é tempo de apagar a opinião desfavoravel em que ereis tidos pelas grandes potencias, com o aniquilamento d'esses barbaros que ahi jazem á beira da europa, ennodoando a moderna civilisação com as atrocidades mais inauditas, mais revoltantes, e mais selvagens. NOTA Tanger, Arzilla, assim como, Alcacer-Seguer foram conquistadas aos mouros no reinado de D. Affonso V, em cuja menoridade era então regente seu tio o Infante D. Pedro. Desde então por diante continuaram as grandes descobertas maritimas ao longo da costa Occidental d'Africa até ao golfo de Guiné, onde se encontraram as ilhas de S. Thomé, Principe, Anno Bom, Corisco, Fernando Pó, das quaes as ultimas tres pertencem hoje aos hespanhoes. No reinado de D. João III perderam os portuguezes Safi, Azamor, Alcacer-Seguer e Arzilla. Assigna-se e vende-se em Coimbra, na livraria do sr. J. de Mesquita, rua das Covas, e no Gabinete do _Instituto_, rua Larga. Para os srs. assignantes... 100 réis. Avulso... 120 réis. End of the Project Gutenberg EBook of A mulher; Os Portuguezes em Tanger, by J. J. Rodrigues de Matos *** END OF THIS PROJECT GUTENBERG EBOOK A MULHER; OS PORTUGUEZES EM TANGER *** ***** This file should be named 30919-8.txt or 30919-8.zip ***** This and all associated files of various formats will be found in: http://www.gutenberg.org/3/0/9/1/30919/ Produced by Pedro Saborano (produced from scanned images of public domain material from Google Book Search) Updated editions will replace the previous one--the old editions will be renamed. Creating the works from public domain print editions means that no one owns a United States copyright in these works, so the Foundation (and you!) can copy and distribute it in the United States without permission and without paying copyright royalties. Special rules, set forth in the General Terms of Use part of this license, apply to copying and distributing Project Gutenberg-tm electronic works to protect the PROJECT GUTENBERG-tm concept and trademark. Project Gutenberg is a registered trademark, and may not be used if you charge for the eBooks, unless you receive specific permission. If you do not charge anything for copies of this eBook, complying with the rules is very easy. You may use this eBook for nearly any purpose such as creation of derivative works, reports, performances and research. They may be modified and printed and given away--you may do practically ANYTHING with public domain eBooks. Redistribution is subject to the trademark license, especially commercial redistribution. *** START: FULL LICENSE *** THE FULL PROJECT GUTENBERG LICENSE PLEASE READ THIS BEFORE YOU DISTRIBUTE OR USE THIS WORK To protect the Project Gutenberg-tm mission of promoting the free distribution of electronic works, by using or distributing this work (or any other work associated in any way with the phrase "Project Gutenberg"), you agree to comply with all the terms of the Full Project Gutenberg-tm License (available with this file or online at http://gutenberg.net/license). Section 1. General Terms of Use and Redistributing Project Gutenberg-tm electronic works 1.A. By reading or using any part of this Project Gutenberg-tm electronic work, you indicate that you have read, understand, agree to and accept all the terms of this license and intellectual property (trademark/copyright) agreement. If you do not agree to abide by all the terms of this agreement, you must cease using and return or destroy all copies of Project Gutenberg-tm electronic works in your possession. If you paid a fee for obtaining a copy of or access to a Project Gutenberg-tm electronic work and you do not agree to be bound by the terms of this agreement, you may obtain a refund from the person or entity to whom you paid the fee as set forth in paragraph 1.E.8. 1.B. "Project Gutenberg" is a registered trademark. It may only be used on or associated in any way with an electronic work by people who agree to be bound by the terms of this agreement. There are a few things that you can do with most Project Gutenberg-tm electronic works even without complying with the full terms of this agreement. See paragraph 1.C below. There are a lot of things you can do with Project Gutenberg-tm electronic works if you follow the terms of this agreement and help preserve free future access to Project Gutenberg-tm electronic works. See paragraph 1.E below. 1.C. The Project Gutenberg Literary Archive Foundation ("the Foundation" or PGLAF), owns a compilation copyright in the collection of Project Gutenberg-tm electronic works. Nearly all the individual works in the collection are in the public domain in the United States. If an individual work is in the public domain in the United States and you are located in the United States, we do not claim a right to prevent you from copying, distributing, performing, displaying or creating derivative works based on the work as long as all references to Project Gutenberg are removed. Of course, we hope that you will support the Project Gutenberg-tm mission of promoting free access to electronic works by freely sharing Project Gutenberg-tm works in compliance with the terms of this agreement for keeping the Project Gutenberg-tm name associated with the work. You can easily comply with the terms of this agreement by keeping this work in the same format with its attached full Project Gutenberg-tm License when you share it without charge with others. 1.D. The copyright laws of the place where you are located also govern what you can do with this work. Copyright laws in most countries are in a constant state of change. If you are outside the United States, check the laws of your country in addition to the terms of this agreement before downloading, copying, displaying, performing, distributing or creating derivative works based on this work or any other Project Gutenberg-tm work. The Foundation makes no representations concerning the copyright status of any work in any country outside the United States. 1.E. Unless you have removed all references to Project Gutenberg: 1.E.1. The following sentence, with active links to, or other immediate access to, the full Project Gutenberg-tm License must appear prominently whenever any copy of a Project Gutenberg-tm work (any work on which the phrase "Project Gutenberg" appears, or with which the phrase "Project Gutenberg" is associated) is accessed, displayed, performed, viewed, copied or distributed: This eBook is for the use of anyone anywhere at no cost and with almost no restrictions whatsoever. You may copy it, give it away or re-use it under the terms of the Project Gutenberg License included with this eBook or online at www.gutenberg.net 1.E.2. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is derived from the public domain (does not contain a notice indicating that it is posted with permission of the copyright holder), the work can be copied and distributed to anyone in the United States without paying any fees or charges. If you are redistributing or providing access to a work with the phrase "Project Gutenberg" associated with or appearing on the work, you must comply either with the requirements of paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 or obtain permission for the use of the work and the Project Gutenberg-tm trademark as set forth in paragraphs 1.E.8 or 1.E.9. 1.E.3. If an individual Project Gutenberg-tm electronic work is posted with the permission of the copyright holder, your use and distribution must comply with both paragraphs 1.E.1 through 1.E.7 and any additional terms imposed by the copyright holder. Additional terms will be linked to the Project Gutenberg-tm License for all works posted with the permission of the copyright holder found at the beginning of this work. 1.E.4. Do not unlink or detach or remove the full Project Gutenberg-tm License terms from this work, or any files containing a part of this work or any other work associated with Project Gutenberg-tm. 1.E.5. Do not copy, display, perform, distribute or redistribute this electronic work, or any part of this electronic work, without prominently displaying the sentence set forth in paragraph 1.E.1 with active links or immediate access to the full terms of the Project Gutenberg-tm License. 1.E.6. You may convert to and distribute this work in any binary, compressed, marked up, nonproprietary or proprietary form, including any word processing or hypertext form. However, if you provide access to or distribute copies of a Project Gutenberg-tm work in a format other than "Plain Vanilla ASCII" or other format used in the official version posted on the official Project Gutenberg-tm web site (www.gutenberg.net), you must, at no additional cost, fee or expense to the user, provide a copy, a means of exporting a copy, or a means of obtaining a copy upon request, of the work in its original "Plain Vanilla ASCII" or other form. Any alternate format must include the full Project Gutenberg-tm License as specified in paragraph 1.E.1. 1.E.7. Do not charge a fee for access to, viewing, displaying, performing, copying or distributing any Project Gutenberg-tm works unless you comply with paragraph 1.E.8 or 1.E.9. 1.E.8. You may charge a reasonable fee for copies of or providing access to or distributing Project Gutenberg-tm electronic works provided that - You pay a royalty fee of 20% of the gross profits you derive from the use of Project Gutenberg-tm works calculated using the method you already use to calculate your applicable taxes. The fee is owed to the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, but he has agreed to donate royalties under this paragraph to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation. Royalty payments must be paid within 60 days following each date on which you prepare (or are legally required to prepare) your periodic tax returns. Royalty payments should be clearly marked as such and sent to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation at the address specified in Section 4, "Information about donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation." - You provide a full refund of any money paid by a user who notifies you in writing (or by e-mail) within 30 days of receipt that s/he does not agree to the terms of the full Project Gutenberg-tm License. You must require such a user to return or destroy all copies of the works possessed in a physical medium and discontinue all use of and all access to other copies of Project Gutenberg-tm works. - You provide, in accordance with paragraph 1.F.3, a full refund of any money paid for a work or a replacement copy, if a defect in the electronic work is discovered and reported to you within 90 days of receipt of the work. - You comply with all other terms of this agreement for free distribution of Project Gutenberg-tm works. 1.E.9. If you wish to charge a fee or distribute a Project Gutenberg-tm electronic work or group of works on different terms than are set forth in this agreement, you must obtain permission in writing from both the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and Michael Hart, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark. Contact the Foundation as set forth in Section 3 below. 1.F. 1.F.1. Project Gutenberg volunteers and employees expend considerable effort to identify, do copyright research on, transcribe and proofread public domain works in creating the Project Gutenberg-tm collection. Despite these efforts, Project Gutenberg-tm electronic works, and the medium on which they may be stored, may contain "Defects," such as, but not limited to, incomplete, inaccurate or corrupt data, transcription errors, a copyright or other intellectual property infringement, a defective or damaged disk or other medium, a computer virus, or computer codes that damage or cannot be read by your equipment. 1.F.2. LIMITED WARRANTY, DISCLAIMER OF DAMAGES - Except for the "Right of Replacement or Refund" described in paragraph 1.F.3, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, the owner of the Project Gutenberg-tm trademark, and any other party distributing a Project Gutenberg-tm electronic work under this agreement, disclaim all liability to you for damages, costs and expenses, including legal fees. YOU AGREE THAT YOU HAVE NO REMEDIES FOR NEGLIGENCE, STRICT LIABILITY, BREACH OF WARRANTY OR BREACH OF CONTRACT EXCEPT THOSE PROVIDED IN PARAGRAPH F3. YOU AGREE THAT THE FOUNDATION, THE TRADEMARK OWNER, AND ANY DISTRIBUTOR UNDER THIS AGREEMENT WILL NOT BE LIABLE TO YOU FOR ACTUAL, DIRECT, INDIRECT, CONSEQUENTIAL, PUNITIVE OR INCIDENTAL DAMAGES EVEN IF YOU GIVE NOTICE OF THE POSSIBILITY OF SUCH DAMAGE. 1.F.3. LIMITED RIGHT OF REPLACEMENT OR REFUND - If you discover a defect in this electronic work within 90 days of receiving it, you can receive a refund of the money (if any) you paid for it by sending a written explanation to the person you received the work from. If you received the work on a physical medium, you must return the medium with your written explanation. The person or entity that provided you with the defective work may elect to provide a replacement copy in lieu of a refund. If you received the work electronically, the person or entity providing it to you may choose to give you a second opportunity to receive the work electronically in lieu of a refund. If the second copy is also defective, you may demand a refund in writing without further opportunities to fix the problem. 1.F.4. Except for the limited right of replacement or refund set forth in paragraph 1.F.3, this work is provided to you 'AS-IS' WITH NO OTHER WARRANTIES OF ANY KIND, EXPRESS OR IMPLIED, INCLUDING BUT NOT LIMITED TO WARRANTIES OF MERCHANTIBILITY OR FITNESS FOR ANY PURPOSE. 1.F.5. Some states do not allow disclaimers of certain implied warranties or the exclusion or limitation of certain types of damages. If any disclaimer or limitation set forth in this agreement violates the law of the state applicable to this agreement, the agreement shall be interpreted to make the maximum disclaimer or limitation permitted by the applicable state law. The invalidity or unenforceability of any provision of this agreement shall not void the remaining provisions. 1.F.6. INDEMNITY - You agree to indemnify and hold the Foundation, the trademark owner, any agent or employee of the Foundation, anyone providing copies of Project Gutenberg-tm electronic works in accordance with this agreement, and any volunteers associated with the production, promotion and distribution of Project Gutenberg-tm electronic works, harmless from all liability, costs and expenses, including legal fees, that arise directly or indirectly from any of the following which you do or cause to occur: (a) distribution of this or any Project Gutenberg-tm work, (b) alteration, modification, or additions or deletions to any Project Gutenberg-tm work, and (c) any Defect you cause. Section 2. Information about the Mission of Project Gutenberg-tm Project Gutenberg-tm is synonymous with the free distribution of electronic works in formats readable by the widest variety of computers including obsolete, old, middle-aged and new computers. It exists because of the efforts of hundreds of volunteers and donations from people in all walks of life. Volunteers and financial support to provide volunteers with the assistance they need are critical to reaching Project Gutenberg-tm's goals and ensuring that the Project Gutenberg-tm collection will remain freely available for generations to come. In 2001, the Project Gutenberg Literary Archive Foundation was created to provide a secure and permanent future for Project Gutenberg-tm and future generations. To learn more about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation and how your efforts and donations can help, see Sections 3 and 4 and the Foundation web page at http://www.pglaf.org. Section 3. Information about the Project Gutenberg Literary Archive Foundation The Project Gutenberg Literary Archive Foundation is a non profit 501(c)(3) educational corporation organized under the laws of the state of Mississippi and granted tax exempt status by the Internal Revenue Service. The Foundation's EIN or federal tax identification number is 64-6221541. Its 501(c)(3) letter is posted at http://pglaf.org/fundraising. Contributions to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation are tax deductible to the full extent permitted by U.S. federal laws and your state's laws. The Foundation's principal office is located at 4557 Melan Dr. S. Fairbanks, AK, 99712., but its volunteers and employees are scattered throughout numerous locations. Its business office is located at 809 North 1500 West, Salt Lake City, UT 84116, (801) 596-1887, email business@pglaf.org. Email contact links and up to date contact information can be found at the Foundation's web site and official page at http://pglaf.org For additional contact information: Dr. Gregory B. Newby Chief Executive and Director gbnewby@pglaf.org Section 4. Information about Donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation Project Gutenberg-tm depends upon and cannot survive without wide spread public support and donations to carry out its mission of increasing the number of public domain and licensed works that can be freely distributed in machine readable form accessible by the widest array of equipment including outdated equipment. Many small donations ($1 to $5,000) are particularly important to maintaining tax exempt status with the IRS. The Foundation is committed to complying with the laws regulating charities and charitable donations in all 50 states of the United States. Compliance requirements are not uniform and it takes a considerable effort, much paperwork and many fees to meet and keep up with these requirements. We do not solicit donations in locations where we have not received written confirmation of compliance. To SEND DONATIONS or determine the status of compliance for any particular state visit http://pglaf.org While we cannot and do not solicit contributions from states where we have not met the solicitation requirements, we know of no prohibition against accepting unsolicited donations from donors in such states who approach us with offers to donate. International donations are gratefully accepted, but we cannot make any statements concerning tax treatment of donations received from outside the United States. U.S. laws alone swamp our small staff. Please check the Project Gutenberg Web pages for current donation methods and addresses. Donations are accepted in a number of other ways including including checks, online payments and credit card donations. To donate, please visit: http://pglaf.org/donate Section 5. General Information About Project Gutenberg-tm electronic works. Professor Michael S. Hart is the originator of the Project Gutenberg-tm concept of a library of electronic works that could be freely shared with anyone. For thirty years, he produced and distributed Project Gutenberg-tm eBooks with only a loose network of volunteer support. Project Gutenberg-tm eBooks are often created from several printed editions, all of which are confirmed as Public Domain in the U.S. unless a copyright notice is included. Thus, we do not necessarily keep eBooks in compliance with any particular paper edition. Most people start at our Web site which has the main PG search facility: http://www.gutenberg.net This Web site includes information about Project Gutenberg-tm, including how to make donations to the Project Gutenberg Literary Archive Foundation, how to help produce our new eBooks, and how to subscribe to our email newsletter to hear about new eBooks.